Documento final servirá como subsídio para a Câmara Setorial da Piscicultura trabalhar junto ao governo e iniciativa privada e implementar as demandas para desenvolvimento do setor
Produtores de pescado do DF e Entorno se reuniram, na manhã desta quarta-feira (23), para discutir o panorama e desafios da cadeia produtiva da aquicultura na região e propor soluções para o seu desenvolvimento sustentável. O evento é promovido pela Emater-DF e contou com a presença de cerca de 60 pessoas, entre produtores, extensionistas e representantes de empresas privadas.
O 16º Encontro de Piscicultores do DF e Entorno retoma as discussões, interrompidas com a pandemia, sobre a cadeia produtiva da aquicultura na região, define as dificuldades e os encaminhamentos para servirem de subsídios para a Câmara Setorial trabalhar junto ao governo e iniciativa privada no desenvolvimento sustentável do setor. Durante a abertura do evento, a diretora-executiva da Emater-DF, Loiselene Trindade, destacou que o encontro de piscicultores é uma oportunidade de discutir a cadeia produtiva, mas também é um momento de integração de todos os atores.
“Muito tem de ser discutido numa Câmara Setorial, que é o elo entre o mercado, o governo e o poder legislativo. Mas é preciso que o produtor se una e discuta as demandas para o setor. O encontro é o fórum adequado debater a tecnologia, as políticas públicas e o fomento da cadeia. A comercialização é aquilo que buscamos numa boa cadeia produtiva. A gente quer comercializar, dinheiro tem que girar nessa cadeia. O produtor produz para gerar renda e emprego e a tecnologia é um dos instrumentos da produção, levada pela assistência técnica”, ressaltou Loiselene Trindade.
O dispositivo de abertura também contou com a presença do presidente da Ceasa, Petronah de Castro e Silva, do deputado distrital Roosevelt Vilela, dogerente de Tecnologia Agropecuária da Secretaria de Agricultura do DF (Seagri), Ângelo Augusto Costa, e do representante dos piscicultores, Guilherme Gonçalves Pereira. O deputado Roosevelt Vilela foi o parlamentar que mais destinou recursos ao desenvolvimento rural nesta legislatura, com o montante de R$857 mil apenas para a cadeia da piscicultura. “O mercado consumidor de peixe no DF é muito forte, um dos maiores per capita do país, no entanto, somos um dos menores produtores. Temos de privilegiar o nosso produtor, que é a nossa intenção para que tenha facilidade na hora de produzir, gerando emprego e renda na nossa cidade”, observou.
Demandas e soluções
O coordenador de Aquicultura da Emater-DF, Adalmyr Borges, informou que no DF há cerca de 600 produtores de pescado, sendo 60 desse total que produzem em escala comercial. Em 2021, foram produzidas duas mil toneladas de peixe, sendo 95% apenas de tilápia, que representam 1850 toneladas. “Este encontro reuniu os produtores que trabalham em nível comercial, que definiram os desafios para incrementar a produção e encaminhar as demandas do setor para a Câmara Setorial da Piscicultura do DF. A partir desse levantamento, a Câmara vai trabalhar junto aos demais órgãos, como governo e empresas privadas, para o desenvolvimento sustentável da aquicultura no DF”, salientou Adalmyr.
O produtor rural do Paranoá, Leonardo Maciel Guimarães, iniciou a produção de tilápia há 15 anos e relatou que o início foi difícil, no entanto, após vencer os desafios da cadeia produtiva, atualmente já domina o mercado, onde está totalmente inserido. “A área de vendas é instável, a alimentação e a qualidade de alevinos são os principais gargalos, com destaque para o ponto final que é a venda. Produzimos 40 toneladas de tilápia por ano e tudo que produzimos é escoado e, muitas vezes, não conseguimos atender toda a demanda do mercado, sendo necessário comprar de outros fornecedores”, disse. Sobre o evento, Leonardo destacou que foi uma oportunidade de reunir muitos produtores, fechar algumas pautas que ficaram pendentes no último encontro em 2019, trocar experiências, tirar dúvidas sobre o manejo e a nutrição. “Retomamos o fôlego para seguir em frente e crescer a piscicultura da região”, falou Leonardo.
“O evento como um todo foi muito positivo, pudemos compartilhar nossas experiências durante as palestras e plenárias, o que agrega muito. Além disso, temos agora condições de formalizar um documento que poderá gerar políticas públicas que irão promover a nossa cadeia”, observou o produtor Guilherme Gonçalves Pereira. O piscicultor produz 130 toneladas de tilápia, por ano, na sua propriedade de 70 hectares no Gama. Guilherme também ministrou uma palestra sobre o panorama da piscicultura no DF.
Os participantes do 16º Encontro de Piscicultores do DF e Entorno se dividiram em três grupos temáticos: comercialização e processamento, sistemas de produção e insumos. Esses grupos levantaram os principais desafios da cadeia produtiva e propuseram soluções. Na comercialização e processamento, dentre as dificuldades mais relevantes, foram destacadas a dificuldade do pequeno produtor colocar seu produto no mercado, de conseguir escala, padrão e precificação, além da falta de planejamento das etapas de produção. Para as soluções, o produtor deve se profissionalizar, aprender a fazer a gestão zootécnica e financeira a fim de conseguir regularizar o fornecimento, padronizar e saber calcular um preço competitivo.
Na parte de insumos, a tributação do setor, falta de profissionalização, falta de infraestrutura para criação de cooperativas e falta de envolvimento entre os produtores foram algumas das dificuldades detectadas. Para a solução foram apontadas a necessidade de construção de estratégias para a compra coletiva de insumos, acessibilidade do pequeno produtor aos equipamentos, integração do setor por meio da criação de cooperativas iniciando como grupos associados e fomento governamental para o setor, além de parceria público-privada para estimular a produção local de alevinos.
Já em sistemas de produção, entre os maiores desafios estão a melhoria e manutenção das estradas rurais, acesso ao crédito rural, suporte técnico para a piscicultura e a oferta de mais qualificação para a mão de obra. Para as soluções, o grupo definiu a identificação dos pontos mais críticos nas estradas nas estradas vicinais e a intensificação da manutenção pelo governo local, o aumento de recurso específico para o aquicultor e oferta de cursos de capacitação, desenvolvimento de unidades demonstrativas para acesso do produtor às tecnologias.
Emater-DF
Empresa pública que atua na promoção do desenvolvimento rural sustentável e da segurança alimentar, prestando assistência técnica e extensão rural a mais de 18 mil produtores do DF e Entorno. Por ano, realiza cerca de 150 mil atendimentos, por meio de ações como oficinas, cursos, visitas técnicas, dias de campo e reuniões técnicas.
Emater-DF
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