Embora no Brasil o consumo de agrotóxico ultrapasse um milhão de toneladas, ainda há aqueles que buscam alternativas saudáveis de alimentação. Aqui no Distrito Federal, segundo dados da EMATER/DF (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal), cerca 298 propriedades produzem os orgânicos, verduras e folhosas sem a utilização de adubo químico ou hormônios. O número representa 3% do total de terrenos agrícolas no DF.
Na segunda reportagem da série Orgânicos, A TV Fato foi até uma destas propriedades, que fica em Planaltina/DF – a 44km de Brasília – e conferiu os motivos que levam esta produção ser ainda pequena, apesar de apresentar nos últimos tempos um crescimento, como indica especialistas da área.
Simples, mas bem organizado, o Sítio Araúna – de 22 mil metros quadrados – parece receber os jornalistas de portas abertas. Diplomas, certificados e dois troféus aparecem expostos, revelando o cuidado com o trabalho que ali é realizado. O produtor das hortaliças e proprietário daquela terra, Vilmar de Almeida, explica que adquiriu o terreno em 2005 e, no início, plantava da forma convencional. “Mas aí tivemos um treinamento da EMATER e a história mudou. Passamos por um período de transição e hoje trabalhamos com os orgânicos.” Cenoura, limão, repolho, vargem, quiabo e folhosas estão entre as produções. Tudo sem agrotóxico.
O técnico em agropecuária da EMATER/DF, Sizelmo da Silva, explica que o processo de transição é feito passo-a-passo e pode demorar de um a dois anos, porque é necessário limpar toda a terra do veneno anterior. “Não tem como fazer do dia para a noite, porque envolve uma série de fatores, como custo de mão de obra de produção, preparação do solo.” Silva ressalta que é um trabalho de paciência. Se pular as etapas, o produtor pode ter prejuízos financeiros.
Dados da EMATER revelam que hoje, no DF, existem aproximadamente 10 mil propriedades agrícolas. Só 10% procuram a EMATER para ter produção exclusiva orgânica. Mas somente 1/3 dessas continuam até o fim do processo. Atualmente, 120 chácaras estão em fase de transição – ainda produzem de forma convencional, mas já trabalham para que a produção seja toda orgânica.
No Sítio de Almeida, o negócio deu certo, com persistência, dedicação e muito trabalho em família. Em períodos chuvosos, com a safra maior, é preciso contratar temporários. A esposa do proprietário, Denise Costa, conta que fez diversos cursos de agroecologia para estar preparada pro mercado. “Já fiz três cursos para aprender a plantar sem agrotóxico, hoje nossa renda chega em torno de R$ 16 mil. As vendas aumentaram porque os produtos são saudáveis”, revela.
O comércio das hortaliças de Araúna acontece em Planaltina mesmo. Almeida conta que os principais compradores são os restaurantes, supermercados e sacolões. Mas há quem prefira ir adquirir as hortaliças no próprio sítio ou pelo serviço de entrega. Toda sexta-feira, Almeida monta uma cesta com produtos diversos e leva para quem encomendou. O preço é variado, mas geralmente o quilo sai em torno de R$3.
Questionado se os esforços valeram à pena, Almeida diz que sim. Não só pelo lucro, mas pelo gosto de ver o comprador feliz com seu alimento saudável. Para ele, ainda tem outro fator: “Estudos dizem que os agrotóxicos podem ser responsáveis pelo aparecimento de câncer, não só em quem come, mas em quem produz, no homem do campo. A vantagem de fazer tudo ecológico é essa.”
Apoio Emater — Para melhorar a qualidade dos produtos, os técnicos da EMATER, cadastram os produtores, fazem visitas, realizam treinamentos, apoiam a comercialização do mercado orgânico, além de ajudar na transição de produção convencional para produção orgânica, como aconteceu com Vilmar Almeida.
Com as dicas e projetos da EMATER, os lucros dos produtores passam de 60% em relação ao investimento feito para produzir. Silva conta que o trabalho da empresa é baseado em três fatores: econômicos, sociais e ambientais. “A ideia é fazer com que todos os produtores sejam bem informados e produzam cada vez mais produtos de boa qualidade. A consultoria e acompanhamento dos técnicos é gratuita, basta que o produtor procure uma agência da EMATER na sua região. Ao todo são 16 nas regiões administrativas.”
Fonte: Fato Online
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