Feitas com cabaça, retalhos, linhas, fitas e botões, as peças são criadas a partir do repertório pessoal de cada participante
Oficina de Manipulação e Construção de Bonecos . Foto: Ana Nascimento/Emater-DF
O Encontro da Pessoa Idosa da Taquara reuniu, nesta semana, cerca de 60 ex-produtores rurais e moradores da região para ensinar a construir e manipular bonecos feitos de cabaça, retalhos, linhas, fitas e botões. A Oficina de Manipulação e Construção de Bonecos ministrada pela atriz e bonequeira, Lúcia Correia, foi promovida pela Emater-DF juntamente com diversas instituições parceiras da atividade, com o objetivo de levar socialização, aprendizados e ocupação a esse grupo de homens e mulheres.
A atriz e bonequeira, Lúcia Correia, ministrou a oficina. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF
Lúcia Correia acredita que a construção de bonecos fala muito da experiência de vida de cada pessoa. “A escolha dos elementos para a confecção dos bonecos normalmente é uma narrativa da vida da pessoa. Estamos falando de um público que tem muitas histórias vividas e lembranças, portanto, a criação tende a ser muito rica em repertório pessoal”, disse.
Sônia Perez de Barros (49) já foi produtora rural e, após ser acometida por problemas permanentes de saúde que comprometeram a mobilidade nas pernas e a audição, conseguiu se aposentar por meio de ajuda da Emater-DF da Taquara. Esses problemas levaram Sônia à depressão e ao isolamento social, que estão sendo minimizados desde que começou a participar das atividades do Encontro da Pessoa Idosa da Taquara.
Sônia Perez de Barros participou da oficina. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF
“Estou vindo aqui há um ano e já estou me sentindo bem, me sinto maravilhosa aqui. Hoje mesmo foi muito divertido aprender a fazer boneco. Fiz uma boneca vestida de vermelho, que simboliza vida e energia. Tenho uma neta de oito anos que mora comigo e posso fazer outros bonecos com ela e para ela. O material é fácil de encontrar e o boneco pode ainda ser usado para a gente contar histórias em casa”, contou Sônia.
Encontro da Pessoa Idosa
A extensionista do escritório local da Emater-DF na Taquara Cátia Regina de Freitas informou que o Encontro da Pessoa Idosa iniciou antes da pandemia como extensão da Sopa do Amor, promovida pela igreja local. Com o isolamento social provocado pela pandemia, os participantes se afastaram e a Emater-DF, a Prefeitura Comunitária (criada pela prórpia comunidade), Cootaquara e outras entidades identificaram a necessidade de retomar, no ano passado, as atividades com as pessoas idosas que estavam sofrendo muito com a ociosidade, solidão e depressão. Atualmente, os encontros acontecem duas vezes por mês.
Oficina de Manipulação e Construção de Bonecos . Foto: Ana Nascimento/Emater-DF
“Esse conjunto de atores trabalham juntos em parceria para levar a essas pessoas toda sorte de programação, como bingos, capacitações, shows musicais, peças de teatro, oficinas e palestras na área da saúde física, mental, autocuidado. E o melhor disso tudo é que estamos conseguindo tirar as pessoas idosas de casa, que muitas vezes se encontravam sozinhas, tristes e depressivas, e estamos resgatando-as para esse grupo”, declarou Cátia.
Alzira Domingos da Glória participou da oficina. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF
A ex-produtora rural Alzira Domingos da Glória (79) é uma participante do Encontro da Pessoa Idosa da Taquara. Moradora do núcleo rural há 28 anos, largou a agricultura há apenas três anos por não dar mais conta do trabalho no campo e sofrer com a falta do que fazer em casa, apesar de ocupar o tempo fazendo salgados e pães caseiros para vender. A criação do seu boneco foi pensada nos momentos da juventude em que tinha uma vida social mais ativa.
“Me chamaram para vir para cá e mudar o “cardápio” da rotina diária. Já fiz muitas amizades e hoje gosto muito de participar, encontrar as pessoas e tenho aprendido muito. Enquanto eu morar aqui na Taquara, e nem pretendo sair daqui pois é o melhor lugar que já morei, vou continuar vindo nos encontros. Foi maravilhoso aprender a fazer esse boneco, é fácil, foi como uma terapia para mim. Além disso, já aprendi aqui fazer sabão, costurar e um tanto de coisa que me ajudam a completar a renda porque ficar parada ninguém aguenta”, falou Alzira.
A turma que frequenta o Encontro é bastante assídua, com a participação efetiva de cerca de 60 pessoas que representam a grande maioria. Além disso, o espaço é aberto para os filhos, netos e parentes que levam os idosos até o salão da igreja, onde acontecem as programações, e para todas as pessoas idosas que queiram participar.
Emater-DF
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