A missão da comitiva é entender as boas práticas brasileiras relacionadas ao Pnae

Delegação etíope visita a propriedade dos agricultores familiares Vilmar dos Santos e Denírcia Almeida, que é acompanhada pelo escritório da Emater em Planaltina. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF

Uma comitiva do governo etíope, liderada pelos ministros da Agricultura e Horticultura, Meles Yimer, e do ministro da Pecuária e da Pesca, Fikru Gari, veio a Brasília conhecer, na prática, o impacto do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) no desenvolvimento rural e na segurança alimentar e nutricional. O objetivo da missão é compartilhar as boas práticas brasileiras que são relevantes para apoiar a política da Etiópia de Agricultura Sensível à Nutrição.

A delegação do país africano foi recepcionada pelo Centro de Excelência contra a Fome do Programa Mundial de Alimentos (WFP, da sigla em inglês) no Brasil, que é um braço das Organizações das Nações Unidas (ONU), e contou com o apoio do Governo do Distrito Federal para apresentar a gestão dos programas de compras institucionais geridos pelo governo local. Dentro da programação, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF) coordenou uma visita de campo à propriedade dos agricultores familiares Vilmar dos Santos e Denírcia Almeida, que é acompanhada pelo escritório da empresa em Planaltina.

Delegação etíope visita a propriedade dos agricultores familiares Vilmar dos Santos e Denírcia Almeida, que é acompanhada pelo escritório da Emater em Planaltina. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF

“Ficamos muito honrados e satisfeitos em poder mostrar o resultado de muito trabalho e que deu certo. A Emater-DF faz parte dessa história de sucesso e desejamos que nossa experiência impacte na produção e na vida de outras famílias de produtores rurais”, declarou o agricultor Vilmar dos Santos.

Ater e sustentabilidade

Durante a visita, o assessor internacional da Emater-DF, Luiz Rocha, o supervisor da Regional Leste, Mateus Miranda, e o gerente do escritório de Planaltina, Leandro Moraes, explicaram o papel da empresa na promoção do desenvolvimento rural sustentável por meio da assistência técnica e extensão rural (Ater), bem como, na intermediação para acesso dos agricultores aos programas de compras institucionais nas modalidades Programa Alimenta Brasil (antigo Programa de Aquisição de Alimentos – PAA) e Pnae.

Os representantes do governo etíope conheceram um modelo de propriedade rural sustentável, com foco na produção orgânica. Os produtores rurais, atualmente, entregam 10% de toda a produção ao PAB. No entanto, esse percentual já foi de 70%, decrescendo em função do seu desenvolvimento e emancipação econômica. “Esse é um exemplo que nos deixa felizes, pois mostra que o nosso trabalho conjunto com o Sr. Valmir levou à sua autonomia, o que lhe proporciona hoje fazer suas próprias negociações”, disse o assessor Luiz Rocha.

A delegação etíope percorreu a área de comercialização da Ceasa. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF

Fazendo parte da programação, o extensionista rural e o assessor internacional da Emater-DF, José Nilton Campelo e Luiz Rocha, respectivamente, e o diretor de Compras Institucionais da Secretaria de Agricultura do DF, Lúcio Flávio Silva, fizeram apresentações sobre o Pnae, explicando as relações institucionais envolvidas na execução do programa, que são o governo federal, as Secretarias de Agricultura e de Educação do DF e a Emater-DF; a interlocução da Emater-DF junto aos agricultores sobre as demandas de alimentos, pesquisa de preços, divulgação e apoio às organizações rurais, além do arcabouço legal que envolve o programa. Além disso, a delegação etíope percorreu a área de comercialização da Ceasa e conheceu o Banco de Alimentos, onde ouviram explanações sobre essa política.

A programação em Brasília foi uma oportunidade para a comitiva da Etiópia ver de perto como os programas de compras institucionais dão mais segurança ao pequeno agricultor, com a garantia de mercado para os produtos e a possibilidade de geração de empregos na propriedade e renda para a família. Tudo isso com o acompanhamento de assistência técnica e extensão rural prestado pela Emater-DF.

o extensionista rural e o assessor internacional da Emater-DF, José Nilton Campelo e Luiz Rocha, respectivamente, e o diretor de Compras Institucionais da Secretaria de Agricultura do DF, Lúcio Flávio Silva, fizeram apresentações sobre o Pnae, explicando as relações institucionais envolvidas na execução do programa. Foto: Ana Nascimento/Emater-DF

O Ministro de Agricultura e Horticultura da Etiópia, Meles Yimer, participou dessas agendas e afirmou que o país tem feito um trabalho intenso para resolver os enormes problemas de segurança alimentar e que o programa de alimentação escolar implementado em Brasília é uma referência importante. “Foi uma oportunidade única ver a experiência do Brasil em relação à alimentação escolar, principalmente, sobre a nutrição e ao desenvolvimento agrícola, onde a assistência técnica e a extensão rural têm um papel forte. Estamos aprendendo e vamos estudar como implementar esses programas na Etiópia”, afirmou.

O governo da Etiópia está atualmente empenhado em transformar o setor agrícola do país, especialmente suas abordagens para a alimentação escolar, por meio de políticas e programas adequados. Com o objetivo de eliminar a fome e a desnutrição, o país espera acelerar a comercialização, estabelecer redes estáveis para os agricultores e fortalecer as cooperativas.  Portanto, os temas abordados durante a visita a Brasília serão utilizados como insumos e guias para que o Ministério da Agricultura local implemente a promoção da nutrição e intervenções nutricionais adequadas e aumente os recursos para apoiar iniciativas sensíveis à nutrição, agricultura e alimentação escolar, com o suporte de organismos internacionais.

Emater-DF

Empresa pública que atua na promoção do desenvolvimento rural sustentável e da segurança alimentar, prestando assistência técnica e extensão rural a mais de 18 mil produtores do DF e Entorno. Por ano, realiza cerca de 150 mil atendimentos, por meio de ações como oficinas, cursos, visitas técnicas, dias de campo e reuniões técnicas.