Governo do Distrito Federal
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6/03/25 às 9h39 - Atualizado em 6/03/25 às 9h45

Com o uso de tecnologias, novas variedades de mandioca podem chegar a produzir 64 t por hectare

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Extensionista rural Revan Soares acompanha o plantio de mandioca do produtor Antônio Ribeiro

 

 

A popularidade da mandioca se deve não apenas pela versatilidade culinária da planta, mas também pelo uso integral que contribui para a sustentabilidade e agrega valor à cadeia produtiva. Desde a raiz até as folhas, a mandioca tem mostrado seu imenso potencial, tanto no consumo humano quanto na indústria e alimentação animal. No Distrito Federal, o número de produtores que cultivam a planta passou de 921, em 2019, para 1920, em 2023, um aumento de 108,4%. Entre eles estão aqueles que cultivam em pequenos espaços, da própria maneira, para consumo familiar, até os que conduzem a cultura de forma mais tecnificada e em maiores áreas.

 

Responsável pelo programa de olericultura da Emater-DF, Antonio Dantas, diz que “a mandioca tem deixado de ser uma cultura marginalizada, em que os produtores cultivavam sem correção de solo, adubação e tecnologias. Hoje vemos muitos produtores investindo na mandioca, com uso de novas cultivares, adoção de tecnologias na produção que contribuem para o aumento de produtividade”.

Pesquisador da Embrapa Cerrados, Josefino Fialho, com o produtor Antônio

 

A adoção de tecnologias pelos produtores deve-se, principalmente, ao trabalho articulado entre a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Cerrados) e a Universidade de Brasília (UnB). “O trabalho de articulação entre o serviço público de extensão rural e a pesquisa são um dos principais fatores que contribuem para o aumento da produção e produtividade no cultivo da mandioca, levando as demandas dos produtores aos pesquisadores e vice-versa”, explica o extensionista rural da Emater-DF, responsável por fazer a articulação com a Embrapa Cerrados, Hélcio Henrique Santos.

 

Hoje, 54 propriedades rurais são parceiros na validação de tecnologias e servem de unidades demonstrativas. “A Emater-DF é responsável por fazer a seleção dos produtores que participam do trabalho de validação tecnológica, além de fazer o acompanhamento técnico e orientações de manejo”, explica Hélcio.

 

O produtor Antônio José Ribeiro cultiva 7 hectares de mandioca no núcleo rural Taquara. Atualmente ele planta as cultivares japonesinha, a BRS 429 e o clone 54/10 (ainda em fase de validação), as duas últimas da Embrapa Cerrados. “A BRS 429 e a 54/10 são mandiocas que me atraíram pela rentabilidade, pois dão o dobro de produtividade da japonesinha”, conta Antônio José.

 

 

“Além da produtividade, a gente observa a resistência a doenças, se o consumidor gosta, se cozinha bem, se a textura é boa, o tempo para a colheita e o tamanho da raiz. Assim a gente repassa tudo para os técnicos da Emater e para a Embrapa”, observa Antônio. Ele vende a raiz in natura, em feiras e para descascadores, por cerca de R$ 50,00 a caixa de 26 kg.

 

Segundo o pesquisador da Embrapa Cerrados, Josefino Fialho, independentemente se o produtor plantar mandioca para indústria ou mandioca de mesa, é importante que tenha um processo produtivo sustentável. “Não tem como querer atingir uma alta produtividade de raiz se o seu comércio não atende aos requisitos para cobrir os custos dessa alta produtividade. É preciso ter sustentabilidade econômica, social e ambiental”, diz Josefino.

 

Tecnologias de produção

 

Entre algumas tecnologias utilizadas pelos produtores atualmente está o cultivo no mulching (cobertura plástica no solo), com uso de irrigação localizada. “Após a colheita de hortaliças como tomate, pimentão, pepino, os produtores aproveitam a mesma estrutura plástica e de irrigação, os resíduos de adubação da cultura anterior, para plantar a mandioca. Isso reduz os custos e melhora a produtividade”, conta o extensionista Hélcio Henrique Santos.

Cultivo de mandioca no mulching

 

O uso de cobertura plástica aumenta a produtividade das raízes, mantém a umidade do solo, controla a erosão e diminui a mão de obra para roçar o mato. Na unidade demonstrativa implantada na AgroBrasília, a produtividade do cultivo da mandioca no mulching chegou a 64 toneladas por hectare.

 

Esse resultado deve-se a anos de trabalho participativo entre pesquisa, extensão rural e produtor. O pesquisador Josefino Fialho conta que “é com essa pesquisa participativa que se determina quais os melhores materiais genéticos, as melhores formas de adubar, de espaçamento entre plantas, observando as diferentes fases do sistema, desde o plantio até a colheita. A troca de experiência é fantástica”.

 

Usos da mandioca

 

Luís Carlos Santos utiliza mandioca para fazer tapioca e farinhas

 

 

O uso integral da mandioca no Distrito Federal surge como uma estratégia para agregar valor à produção agrícola local. Em 2023 foram 883,25 hectares destinados ao cultivo de mandioca, por 1.920 produtores, que produziram 19.754 toneladas.

 

Segundo Josefino Fialho, “a mandioca é uma raiz de reserva, mas ela tem um período de sobrevida pós-colheita muito curto. Então, ela perde a qualidade não só da forma microbiológica, mas também fisiológica, principalmente a mandioca para mesa (macaxeira ou aipim). Então a Embrapa Cerrados e outras unidades desenvolveram vários trabalhos voltados a minimamente processados, para que a mandioca pudesse conservar mais tempo e obtivesse assim melhor qualidade do produto para o consumidor”, explica.

 

A economista doméstica da Emater-DF Cátia Freitas destaca que a mandioca “é rica em fibras, potássio, vitamina C, podendo ser consumida cozida, assada, em sopas e em diversas outras receitas. Por não possuir glúten, é uma ótima opção para pessoas com doença celíaca. Apenas não deve ser consumida crua, por conta da toxidade”.

 

A farinha de mandioca e a tapioca são as principais fontes de renda do agricultor Luís Carlos de Jesus Santos. Ele tem uma agroindústria há 20 anos, na região do Café sem Troco, no PAD-DF, onde emprega 6 pessoas na produção dos alimentos.  “Eu vendo a mandioca descascada, além de produzir a farinha de mandioca e de tapioca e a massa puba. Algumas pessoas vêm comprar direto na propriedade e outras compram na banca que minha filha administra na feira no Guará. Processar a mandioca ajuda a ter mais renda do que a vendendo in natura”, conta Luís.

 

Folha da mandioca desidratada para alimentação animal

Além da raiz, o caule e as folhas podem também ser utilizados na alimentação animal. De acordo com o zootecnista e responsável pelo Programa de Ruminantes e Equídeos da Emater-DF, Maximiliano Cardoso, “na alimentação animal, a raiz é um alimento energético, bem aceito pelos animais, de forma fresca ou desidratada. Já a parte aérea da mandioca, que é composta pelo terço médio das hastes principais, galhos e folhas, pode ser usada como volumoso e é rico em vitaminas A e C. Essa parte pode ser aproveitada in natura ou também passada por processo de fenação, facilitando a estocagem, por exemplo”.

 

Ao aproveitar todas as partes da planta, desde a raiz até as folhas, os produtores do DF não só contribuem para a sustentabilidade ambiental, mas também abrem novos caminhos para o desenvolvimento de produtos inovadores que atendem a um mercado cada vez mais exigente.

 

Confira algumas publicações da Emater-DF sobre mandioca:

 

 

Fábrica de pequeno porte de mandioca descascada congelada.

Métodos artesanais de processamento da mandioca no Distrito Federal.
Modelos de agroindústrias rurais: produtos de origem vegetal.

 

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