Obra de recuperação em estrada rural na região do Rio Preto, no DF

A recuperação de 2,6 mil quilômetros de estradas rurais nos últimos dois anos tem melhorado as condições de escoamento da produção agropecuária do Distrito Federal, reduzindo perdas no transporte e e melhorando a vida de quem depende de serviços que só chegam ao campo pelas vias de chão. As obras de recuperação são feitas pelo Polo Rural, força-tarefa realizada em conjunto pela Emater-DF, Secretaria de Agricultura (Seagri), Departamento de Estradas e Rodagem (DER-DF), Novacap e administrações regionais.

Motoniveladoras, pás-carregadeiras, rolos compactadores e outros equipamentos são utilizados para nivelar as vias, construir “bigodes” (uma espécie de escorredeira), baciões (reservatórios ao lado da estrada onde a água se acumula), quebra-molas e outras estruturas adequadas para resistir às chuvas, evitando erosões e melhorando a ligação entre campo e cidade. Todas as regiões administrativas do Distrito Federal foram beneficiadas com as obras.

Para Ivan Engler, presidente da Cooperativa de Agricultura Familiar Mista do Distrito Federal (Copermista), a ação do GDF é muito bem-vinda. “Giramos cerca de 80 toneladas de produtos por mês, sempre em carros, caminhonetes e caminhões próprios. Com a patrolagem, os atolamentos e acidentes diminuíram bastante, além de termos custos reduzidos com manutenção dos veículos”, comemora.

O produtor acrescenta ainda que, com estradas melhores, os alimentos chegam com mais qualidade às feiras, mercados e à mesa do consumidor. Para os produtores, as estradas em melhores condições evitam perdas no transporte e, consequentemente, aumentam a rentabilidade dos negócios.

Exemplo de “bacião”, onde a água da chuva se acumula ao lado da via, evitando erosões

Mas não é apenas o escoamento da produção que ganha com o Polo Rural. “Dependemos de serviços oferecidos nas áreas urbanas, como atendimento médico, acesso a comércio, bancos e autarquias. Chegar na cidade agora está mais fácil”, avalia Ivan Engler, que vive no núcleo rural Rio Preto (região administrativa de Planaltina).

Outro aspecto da vida cotidiana que melhorou foi a segurança pública. “Com as estradas melhores, o patrulhamento policial está mais constante”, conclui o produtor. Também há redução de material particulado (poeira) no ar, reduzindo a incidência de casos de problemas respiratórios, especialmente em idosos e crianças.

“Temos de aplaudir toda ação que resulta em melhorias para o campo, não apenas do ponto de vista econômico, mas principalmente do social”, diz a presidente da Emater-DF, Denise Fonseca. “Todos os nossos extensionistas têm essa visão. Não adianta melhorar condições de produção se isso não se reflete em qualidade de vida pra quem trabalha a terra. E a união de esforços é o caminho para uma gestão pública mais eficiente e humana”, afirmou.

O gerente da Emater-DF no Rio Preto, Eduardo Damásio, conta que a região foi uma das que recebeu o Polo Rural. “Além de todos os benefícios para a mobilidade, a ação tem vantagens ambientais. Foram construídas bacias e “bigodes”, que fazem as águas da chuva escorrerem para fora das estradas, evitando erosões e até mesmo o assoreamento dos rios e ribeirões que abastecem as chácaras e levam água para a área urbana”, explica.

O engenheiro-agrônomo Rodrigo Marques, também do escritório do Rio Preto, acrescenta que a recuperação das estradas se alia a técnicas que permitem a conservação do solo e da água. “Estamos orientando os produtores a adotarem o plantio de braquiaras, o plantio direto e a fazerem o redimensionamento de terraço, que complementam o trabalho”, diz.

Polo rural
O Polo Rural é uma iniciativa do GDF que conta com a participação de diversas entidades públicas. De acordo com o subsecretário de Desenvolvimento Rural da Seagri, Odilon Vieira Júnior, o objetivo do Polo Rural é otimizar a utilização de equipamentos dos vários órgãos governamentais.

“Estamos somando parcerias para obter resultados mais rápidos e eficientes para a população”, explica. O trabalho é coordenado pelo subsecretário, que recebe demandas das comunidades rurais e organiza de acordo com a capacidade das instituições. “O trabalho é feito de forma integrada, onde todos ganham”, acrescenta Odilon.

“Basicamente, é um trabalho de manutenção, porém mais organizado e eficaz”, aponta o diretor de Mecanização Agrícola da Seagri, José Voltaire Brito Peixoto. “A DF-100 [no extremo leste do Distrito Federal, entre as RAs de Planaltina e Paranoá, que liga importantes regiões de produção agrícola], por ter um grande fluxo e estar localizada numa região bastante produtiva, foi visitada cinco vezes no ano passado”, exemplifica.

A Emater-DF
Empresa pública que atua na promoção do desenvolvimento rural sustentável e da segurança alimentar, prestando assistência técnica e extensão rural a mais de 18 mil produtores do DF e Entorno. Por ano, realiza cerca de 150 mil atendimentos, por meio de ações como oficinas, cursos, visitas técnicas, dias de campo e reuniões técnicas.