Governo do Distrito Federal
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22/10/19 às 11h47 - Atualizado em 24/10/19 às 16h58

Em curso de agroecologia da Emater, Embrapa anuncia técnica inédita para avaliar saúde do solo

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Pesquisadora da Embrapa Ieda Mendes ministra palestra no curso de agroecologia da Emater-DF

 

O Brasil será o primeiro país do mundo a avaliar a saúde do solo a partir da medição do nível de duas enzimas nas áreas de plantio – a betaglucosidase e a arilsulfatase. A análise começa a partir da safra de grãos 2019-2020. A técnica permite um melhor manejo do solo, com a redução de custos com insumos químicos e uma produção ambientalmente mais sustentável.

 

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A novidade foi apresentada pela pesquisadora da Embrapa Cerrados Ieda Mendes, durante o primeiro encontro do curso Princípios e Práticas de Agroecologia e Produção Orgânica, realizado no Centro de Capacitação e Comercialização da Agricultura Familiar (CCC), da Emater-DF, na última sexta-feira (18).

 

A pesquisadora explicou que existem várias enzimas no solo associadas aos processos de decomposição de matéria orgânica, mas basta observar o nível dessas duas enzimas para avaliar a saúde do solo, pois elas se relacionam com praticamente todas as demais. “A beta e a sulfa são altamente sensíveis para detectar diferenças em relação ao manejo e estão relacionadas ao funcionamento do solo e ciclagem de nutrientes”, explica Ieda.

 

O engenheiro-agrônomo e gerente do escritório da Emater-DF em Planaltina, Leandro Moraes, conta que, em 2016, participou de parte desta pesquisa durante a sua tese de doutorado. “O que a pesquisa tem buscado fazer é selecionar bioindicadores que são estudados há mais de 20 anos, para que possam ser usados na prática”, explica o extensionista.

 

Em sua tese, Moraes buscou adequar a metodologia de coleta das amostras de solo para análise, para mais próximo da prática do produtor no dia a dia. Assim, em vez de coletar o solo úmido durante a floração da colheita, o agrônomo analisou mais de 20 indicadores microbiológicos presentes no solo seco, coletado após a colheita dos grãos. “Quando você muda essa forma, a atividade microbiológica do solo cai muito, por isso a necessidade de desenvolver uma tabela própria para essa metodologia”, afirma o agrônomo.

 

“É uma diferença gigantesca e precisamos selecionar indicadores que fossem relevantes para a avaliação sob essas condições”, diz Moraes. Assim, a mesma metodologia de amostragem de solo usada para a análise que verifica as condições físico-químicas do solo, também pode ser usada para fazer a análise microbiológica, alterando apenas a profundidade em que a amostra é colhida, pois nesse caso é de 0 a 10 cm. “Facilitou para o agricultor e para o laboratório”, afirmou Ieda Mendes, salientando que a partir de 2020 haverá laboratórios credenciados e capacitados para a realização dessa análise no Distrito Federal.

 

 

Slide da apresentação da pesquisadora mostra a escalada da melhoria do solo

 

A pesquisa da Embrapa também desenvolveu tabelas para interpretar se o nível dessas enzimas está alto, médio ou baixo no solo. A palestrante destacou a simplicidade de analisar esses parâmetros. “Qualquer laboratório está capacitado a realizar essa análise sem comprar nenhum equipamento novo, mas apenas adquirindo os reagentes para essas enzimas”, disse Ieda. “Diante disso, o custo para realizar a bioanálise de solos é baixo e está dentro da realidade das análises atuais de solo”, completa.

 

Ieda Mendes também destaca que essa novidade é algo que não existia na literatura internacional da microbiologia. “Até então, nós, agrônomos, intuíamos que um solo adubado apenas quimicamente não manteria a produtividade, mas não tínhamos como provar. Agora nós temos”, diz a pesquisadora.

 

Para Roberto Carneiro, agrônomo da coordenação de agroecologia e produção orgânica da Emater-DF, a novidade é importante para a atuação dos agrônomos. “Muito além de receitar adubos e fertilizantes, o manejo adequado é o que vai impactar na saúde do solo, e isso vai exigir mais de nós, agrônomos”, diz Carneiro.

 

 

Participam do curso 25 extensionistas rurais da Emater-DF, entre agrônomos e zootecnistas

 

Curso de agroecologia
Um grupo de 25 extensionistas rurais da Emater-DF – entre agrônomos e zootecnistas – está participando do curso Princípios e Práticas de Agroecologia e Produção Orgânica. O curso teve início na última sexta-feira (18) e contará com seis encontros, acabando no dia 22 de novembro.

 

O primeiro dia também contou com uma palestra sobre remineralizadores do solo, ministrada pelo biólogo Eduardo Martins. Entre os temas que serão abordados nos próximos encontros estão o planejamento e produção de hortaliças orgânicas, biofertilizantes, manejo de pragas, controle biológico, produção de sementes, sustentabilidade e manejo da fertilidade de solos. “Produtores, tanto orgânicos como convencionais, estão cada vez mais exigentes e, por isso, é muito importante os técnicos estarem atualizados”, afirma Carneiro.

 

Além da bioanálise na avaliação da saúde dos solos, o curso trará outras novidades no melhoramento genético participativo na produção de sementes e na área de fitotecnia e controle biológico de pragas. “Outro ponto importante é a participação de vários extensionistas da Emater como palestrantes, trazendo seus conhecimentos para o curso”, afirma Carneiro.

 

A Emater-DF
Empresa pública que atua na promoção do desenvolvimento rural sustentável e da segurança alimentar, prestando assistência técnica e extensão rural a mais de 18 mil produtores do DF e Entorno. Por ano, realiza cerca de 120 mil atendimentos, por meio de ações como oficinas, cursos, visitas técnicas, dias de campo e reuniões técnicas.

 

 

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