Com foco no artesanato e turismo rural, a atividade compôs a programação da Semana do Produtor do Paranoá
Conhecer como o artesanato transformou a vida de pessoas em Olhos D’Água, distrito de Alexânia (GO), foi o principal objetivo do intercâmbio cultural com foco no artesanato e turismo rural promovido pela Emater-DF a 30 produtores rurais do Paranoá e Planaltina, que aconteceu nesta quinta-feira (17). A atividade compôs a programação da Semana do Produtor do Paranoá e proporcionou a visita a três artesãos da cidade do Entorno do DF, todos eles premiados e com trabalhos expostos no mundo inteiro.
Fatinha Bastos, Hilda Freire e Lourenço Silva usam técnicas de trabalho e histórias de vida diferentes, mas todos encontraram no artesanato o caminho para a satisfação profissional, para a autonomia financeira e para conhecerem mundos distantes de Goiás. O extensionista rural do escritório local do Paranoá, Ivan Marques, observou que conhecer a forma como o artesanato ressignificou a vida dos artesãos e a economia de Olhos d’Água pode ser uma inspiração para os produtores rurais do DF.
“Todos esses artesãos que conhecemos começaram do zero, mas foi a determinação, o foco e a qualificação que os transformaram em mestres na arte que escolheram e, por ela, se tornaram conhecidos em vários países do mundo e em cidades do Brasil. A possibilidade de agregarem o artesanato e o turismo rural na produção rural é real e uma forma possível de geração de renda”, afirmou Ivan Marques.
Arte
Fatinha Bastos trabalha com arte sacra feita com palha de milho. A infância pobre e longe dos luxos da cidade grande foram a motivação para a criação de bonecas com palha de milho, material acessível. A prática foi aperfeiçoada com o tempo e a influência católica da família foi definitiva encontrar um nicho especial: arte sacra. E foi fabricando santos e anjos que Fatinha Bastos ganhou asas e renome internacional. Atualmente, está ampliando a produção e criando personagens da cultura goiana, como os Cavaleiros da Procissão do Divino Espírito Santo.
Um diferencial do trabalho de Fatinha Bastos é plantar o próprio milho de diversas qualidades, como o roxo e o amarelo, e misturando os dois para ter palhas de diversas cores. “Saber plantar, colher e cuidar do cultivo é muito importante para aprimorar a técnica e a qualidade do meu trabalho. O artesanato é como um filho que está sendo criado pelas nossas mãos, é preciso cuidar com amor”, disse.
Autodidata, Hilda Freire (46) aprendeu sozinha a arte de moldar bonecas, flores e pássaros no barro há nove anos. Foi da fé, da determinação e do seu dom que venceu todos os desafios para criar um traço próprio na criação de bonecas, pássaros e flores esculpidos em barro. Além das formas muito características da sua obra, as tintas — comerciais ou tiradas da terra — ganham vida na criação de Hilda. “Eu sou um passarinho que conheceu o barro. Eu sou as flores que representam o mato de onde saí, o Cerrado, e me vejo nas bonecas, que eram os sabugos de milho na minha infância. Por isso, transmitir a minha história para esse grupo de pessoas é uma realização e o cumprimento de uma promessa que fiz quando o barro se fez pelas minhas mãos”, completou Hilda.
Lourenço Silva (56) também usa o barro em suas obras, mas nele esculpe vasos para jardim, algumas bonecas, como namoradeiras, e outros objetos domésticos, todos com traços rústicos. Ceramista há 20 anos, também já participou de feiras internacionais. A produção de Lourenço é comercializada em casa mesmo, onde a porta está sempre aberta para quem quiser adquirir uma peça.
Fatinha, Hilda e Lourenço participam da Feira do Troca de Olhos D’Água, criada em 1974, pela professora da Universidade de Brasília (UnB), Laís Aderne. São duas feiras por ano, que acontecem em junho e dezembro. Em junho passado aconteceu a 96ª edição do evento, que já se transformou numa tradicional celebração da cultura local. Na Feira do Troca são vendidos artesanatos, desde cerâmicas, peças de palha, esculturas em madeira e pedra, comidas típicas, com apresentações de música regional.
Intercâmbio
A produtora rural Jéssica Lima Garcia Axworthy e o marido vivem numa propriedade com 80 hectares no Capão da Lua, em Sobradinho dos Melos (RA Paranoá). Lá ela cultiva batata doce, feijão, diversas frutíferas, cria cabra, produz leite de cabra e tem um projeto de transformar a propriedade numa atração de turismo rural, oferecendo experiências gastronômicas e vivências rurais na agrofloresta que está criando.
“A gente quer trabalhar com cerâmica, temos várias cores de argila no sítio. Não temos experiência nenhuma, mas nossa vontade de fazer uma exploração é grande. Nosso objetivo é oferecer todos os alimentos e produtos produzidos no sítio, assim, queremos que os pratos e as louças também sejam feitos por nós. Por isso, esse intercâmbio foi inspirador”, contou Jéssica.
Já para Joana Prudente, moradora da Serrinha (RA Paranoá) e designer de joias, o intercâmbio serviu para ampliar as possibilidades de criação. “A obra da Hilda Freire me encheu os olhos e acendeu uma luz para uma possível parceria e conexão de trabalhos”.
Semana do Produtor do Paranoá
Com atividades como oficinas, palestras e um intercâmbio cultural para Olhos D´água (Alexânia-GO), a Semana do Produtor Rural do Paranoá aconteceu entre os dias 14 e 18 de agosto. A programação ocorre anualmente e tem o objetivo de criar eventos que possam agregar à comunidade, proporcionando conhecimento e troca de informação, além de mostrar um pouco do serviço que a Emater-DF realiza na região.
Emater-DF
Empresa pública que atua na promoção do desenvolvimento rural sustentável e da segurança alimentar, prestando assistência técnica e extensão rural a mais de 18 mil produtores do DF. Por ano, realiza cerca de 150 mil atendimentos, por meio de ações como oficinas, cursos, visitas técnicas, dias de campo e reuniões técnicas.
Emater-DF
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